domingo, 29 de março de 2009

Aramar



Nome: Inês Florêncio Batista
Cidade: Almada
Blog: aramar.blogspot.com
Loja online: através do blog ou do flickr
Flickr: www.flickr.com/photos/aramar




Como descreverias o teu trabalho?

Essa é uma pergunta um pouco difícil e para a qual me costumam faltar sempre palavras, porque não tenho jeito para definições. Acho que faço peças simples e despretensiosas e das quais espero sempre que as outras pessoas gostem tanto quanto eu.



Como é que tudo começou?

Eu sempre gostei de fazer pequenas coisas desde muito nova, por isso experimentar o arame começou por ser mais uma experiência. Apeteceu-me, numa ida a uma loja de bricolage, comprar uma bobine de arame e uns alicates pequenos que estavam a um preço muito tentador. A partir daí, a destreza e o jeito foram aparecendo e fui evoluindo.



Como escolheste o nome do teu projecto?

Surgiu muito naturalmente, porque, sempre que ia fazer qualquer coisa com o arame, dizia que ia aramar. Tanto o disse, que me entrou na cabeça, e me pareceu a escolha lógica na altura de escolher um nome para o blog e para o projecto. Entretanto as peças diversificaram-se para outros materiais, mas nunca pensei em mudar o nome. Afeiçoei-me a ele.

Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

O que me motiva é o facto de me fazer feliz, para além de ser uma óptima forma de expressão. Acaba por ser uma coisa muito ligada à emoção, à intuição.



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Neste momento estou dedicada apenas ao artesanato e comecei, também, a frequentar um curso de cerâmica. Estou num momento de pausa do curso de Psicologia e está a saber-me muito bem passar o dia no atelier que tenho em casa e poder ser dona e senhora do meu horário de trabalho.



De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

Pode ser do meu próprio imaginário, como pode ser de coisas que vejo no meio que me rodeia. Por vezes até é o próprio material que serve de inspiração.

Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Em retrosarias, lojas de produtos de madeira, lojas de bricolage... até no sotão da minha avó!



De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

Especialmente quando já tenho uma ideia a martelar-me a cabeça há imenso tempo e consigo, finalmente, pô-la em prática. Isto quando corre bem, claro. Porque também há alturas em que acho que a ideia vai ficar espectacular e o resultado final fica sem piada nenhuma...

Como é que divulgas o teu trabalho?

Essencialmente, através da internet, mas também tenho peças à venda em algumas lojas físicas. E, claro, as feiras (apesar de participar em muito poucas) também têm importância, quanto mais não seja pelo contacto com os visitantes e clientes e pela quantidade de cartões que se podem distribuir num só dia. É um tipo de publicidade pouco dispendiosa e que também tem os seus frutos.



A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Sim, tem o papel principal.

O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Acho óptimo, porque se começaram a criar mais condições para a exposição de trabalhos e divulgação ao público. Por outro lado, começaram a surgir artesãos aos magotes e, na minha opinião, alguns deles a apostarem mais na quantidade do que propriamente na qualidade.



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Na minha opinião, a originalidade e a assinatura de um trabalho não provêm de um processo muito racional. Acho que a criatividade pode ser estimulada, mas não pode ser forçada. No entanto, para quem já tem o jeito, mas não sabe bem onde aplicá-lo o melhor mesmo é experimentar muita coisa e não ter medo de falhar. Hoje em dia as pessoas querem que saia tudo muito bem logo à primeira e o artesanato também se trata de muita tentativa e erro.



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Eu gosto de tantos que nem consigo nomeá-los a todos, mas posso nomear um projecto que encontrei há pouco tempo através da internet e que me deixou encantada. O projecto é brasileiro, chama-se Maria Berenice e, literalmente, dá-se a conhecer sobre rodas. A autora do projecto remodelou uma carrinha antiga e transformou-a numa loja que vai estacionando em vários pontos do Brasil. Um mimo.


Quais são os teus sonhos para o futuro?

Tenho tantos! Posso dizer que os meus sonhos são como as cerejas. Mal acabo de imaginar um, já tenho outro na calha. Se realizar uma pequena parte, já me vou considerar uma pessoa feliz!

domingo, 22 de março de 2009

Flor de vento



Nome: Ana Cristina Santos
Cidade: Santarém
Blog: flor-de-vento.blogspot.com
Loja online: flor-de-ventoshop.blogspot.com
Flickr: www.flickr.com/photos/11688270@N03




Como descreverias o teu trabalho?

Sendo sempre um prolongamento do sonho.



Como é que tudo começou?

Sinceramente não me recordo, sei que de tempos a tempos descobria novos materiais para experimentar. Já passei dos simples fios de missangas para o arame, deste para o fimo, algumas coisas em lã e agora os tecidos e o feltro.

Como escolheste o nome do teu projecto?

Na altura, não dei muita importância ao nome. Fiz uma breve pesquisa sobre flores do campo, gostei do nome e mais tarde ao ler um poema de Cecília Meireles redescobri a flor-de-vento. Mas penso que é na continuidade do trabalho que se pode vir a «construir» um nome. Isto quer dizer que quando houver novidades aviso!



Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

A simples necessidade de criar e de ficar em estado zen durante os serões.

Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Os meus dias são passados entre livros e crianças, sou animadora cultural e neste momento faço a mediação entre os livros e as leituras. O que quer dizer que resta pouco tempo para criar.



De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

De tudo o que me rodeia, das conversas com as crianças, dos livros que partilhamos, das histórias das pessoas, do que vejo.

Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Como gosto sempre de sentir os tecidos, prefiro comprar nas retrosarias do centro, o que não impede que de quando em vez não compre algum material a outras artesãs ou a lojas de tecidos on-line.



De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

A parte do fim. Adoro quando começo a encher os bonecos, parece que ganham vida.

Como é que divulgas o teu trabalho?

Basicamente on-line no blog.

A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Digamos que tem um papel fundamental.



O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Acho incrível a quantidade de pessoas talentosas que criam e recriam nos mais diversos formatos. A capacidade que cada um tem de distinguir o seu trabalho dos outros, quer seja pela simples aplicação de uma lantejoula ou pelo simples revirar de uma pestana. E a melhor parte, a abertura das pessoas para esta nova forma de artesanato e da valorização do handmade.

Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Façam experiências, experimentem diversos materiais e descubram o que mais vos dá gosto.



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Sou muito suspeita, tenho uma lista gigantesca de pessoas que adoro!

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Dedicar mais tempo às ideias e experimentá-las, ser definitivamente mais organizada e continuar a produzir.


domingo, 15 de março de 2009

Sebastião Preto Carvão



Nome: Patrícia Lima
Cidade: Palmela
Blog: sebastiaopretocarvao.blogspot.com e macariscada.blogspot.com
Flickr: www.flickr.com/photos/32840893@N05




Como descreverias o teu trabalho?

Sou ainda uma aprendiz de costura, aos poucos fui aprendendo a coser melhor, a fazer novos pontos e a dominar melhor os que já fazia, a máquina de costura foi minha inimiga por uns tempos, mas depois fizemos as pazes e já não conseguimos viver uma sem a outra. Continuo a aprender e a tentar fazer sempre melhor. O carinho e amor que coloco em cada peça é aquilo que mais importa em cada uma delas. Acho que é o que as torna únicas e especiais.

Faço bonecos. Não tenho jeito para outra coisa, gosto de os ir construindo aos poucos, ao sabor da imaginação de cada dia. Por isso gosto de fazer um de cada vez, é raro ter mais do que um começado e fico absolutamente desorientada quando isso acontece. Acho que eles têm coração e personalidade própria, e é-me impossível estar a dar forma a duas criaturas ao mesmo tempo... A não ser que as suas vidas e histórias se cruzem!



Como é que tudo começou?

Começou com a vontade de fazer um gato para uma amiga que adora gatos. Ela já fazia bonecos e foi ela que me deu a conhecer este fascinante «mundo novo»! Sempre achei que não sabia coser, durante anos recusei-me a coser um botão que fosse... bem sei que um pouco mais por preguiça do que por falta de jeito... mas a verdade é que até então nunca senti vontade de costurar. Foi uma aventura, uma brincadeira e o primeiro gato saiu absolutamente assustador. Ainda o tenho comigo, claro! E sempre que olho para ele não consigo deixar de soltar uma gargalhada! Estou a olhá-lo agora! E vocês também! :)



Costurar requer acima de tudo persistência, treino e prática! O segundo gato saiu melhorzito e lá serviu para oferecer à amiga... A partir daí começou o vício... Por uns tempos, todos os amigos, primos, sobrinhos e afins, grandes e pequenos, foram presenteados com bonecos feitos por mim.

Como escolheste o nome do teu projecto?

Comecei por fazer gatos, são a minha paixão, adoro animais e os gatos são a minha perdição. O meu gato Sebastião sempre foi o meu companheiro de costuras, embora sempre mais interessado nas linhas e agulhas do que nos bonecos, é certo! Mas é um óptimo companheiro, excelente conselheiro e uma fonte de inspiração deliciosa! Por isso o nome saiu naturalmente, é o nome dele: sebastiãopretocarvão. O nome do meu gorduchão preto, cor de carvão! Ok, também sempre gostei de frases a rimar, nota-se? ;)



Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

O que sempre me agradou na criação dos meus bonecos foi o facto de aqui eu ter liberdade total. Aqui não há briefing e posso ir construindo cada um deles à minha vontade. A todo o momento posso mudar, não preciso de nenhuma metodologia, não preciso saber qual vai ser o resultado final e este não tem que ter nenhuma função, utilidade ou sentido! E tudo isto me parece uma antítese do que sempre aprendi, do que deve ser um designer. Na altura, quando comecei a costurar, o design ocupava o meu dia e os bonecos parte da noite! E era uma delícia poder dedicar-me a ambos!



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Neste momento, o projecto «pequeno José» ocupa grande parte do meu tempo e pensamento... depois há a loja Maçã Riscada, o meu projecto de sonho tornado realidade na minha terra do coração, Palmela. A «Maçã» é um grande pomar cheio de trabalhos deliciosos de pessoas com muito talento. É também aí, num pequeno atelier (cheio de confusão e desarrumação) que dou forma aos meus «meninos», nos momentos mais calmos, quando não há gente a visitar o pomar!

Quando comecei, os bonecos eram apenas um hobby que me dava muito prazer, feito nos poucos tempos livres que tinha. Na altura trabalhava como designer numa empresa na capital do vidro, a minha saudosa Marinha Grande. Fiz parte de um projecto muito especial e adorei participar nele. Fiquei triste, desiludida e um pouco ferida quando percebi que não tinha futuro. Quem me conhece sabe a nostalgia que ainda hoje sinto face ao seu fracasso.

Mas acredito de coração que tudo tem um sentido na nossa vida, e nesse momento, era altura de mudar. O meu hobby ganhava terreno e preenchia cada vez mais o meu tempo. As saudades de Palmela, da família, dos amigos eram já grandes... Seis anos na Marinha Grande é obra para quem, como eu, é amante das suas raízes! Voltei à terra e, com a ajuda da família e amigos (e também do centro de emprego) dei forma à Maçã Riscada. Para quem tem curiosidade em saber o porquê do nome, a maçã riscadinha é uma maçã típica da região de Palmela. É achatada, verde e cheia de risquinhas vermelhas. Uma delícia!

Não estou, portanto, a fazer aquilo para o que estudei largos anos mas neste momento sinto-me muito feliz e realizada. Não fosse esta «malvada» crise e tudo seria perfeito! Ah, e também acho que embora muitas vezes me afaste dos propósitos do design, não é raro utilizar os seus ensinamentos naquilo que faço, mesmo sem dar conta!



De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

De tudo e de nada, de todos e de pequenos nadas, do que nos rodeia todos os dias, desde que nos levantamos até nos deitarmos. E depois também nos sonhos, porque mesmo esses são fantásticas inspirações!

Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Neste momento tenho a sorte de ter na Maçã Riscada a maior parte dos materiais que preciso. Sim, porque para além de artesanato de autor, a «Maçã» também tem uma pequena área de retrosaria de selecção (seleccionada por mim! :)) Ainda assim, não resisto a vasculhar retrosarias de outros tempos, e as caixas velhas da minha mãe. Essa sim, aprendeu a costurar e a bordar... e fez todo o seu enxoval, como todas as mães dessa altura!



De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

A parte menos interessante é aquela da máquina costura, que uso para dar a forma geral aos bonecos. A parte melhor vem sempre a seguir: quando escolho quem serão eles, a cor dos cabelos, a forma da boca, a cor das bochechas... se são gatos, é altura de decidir a expressão da cara e depois dar forma à sua personalidade através dos restantes detalhes... se são meninas, aí há uma infinidade de possibilidades! Mas em todos os casos, acho que são eles que ditam a sua própria vida, eu apenas vou cosendo, fazendo-lhes a vontade!

Como é que divulgas o teu trabalho?

É possível conhecer os meus trabalhos na Maçã Riscada e também em algumas lojas no norte do país (neste momento na Mãos à Arte e nas Águas Furtadas). Depois, há a divulgação via net, através do meu blog e do flickr.



A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

A internet tem um papel fundamental na divulgação dos bonecos sebastiãopretocarvão e até na divulgação da loja Maçã Riscada. Muitas pessoas vêm a Palmela conhecer a loja só porque a viram no blog. Pessoas do Norte e Sul do país! Acho fabuloso e sinto-me muito grata pela forma como sempre fui acarinhada nesse meio, conheci pessoas fabulosas!

O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Gosto de saber que há cada vez mais pessoas interessadas em não deixar morrer a tradição do handmade. E há por aí muita gente cheia de talento que ainda não o descobriu! Acho que é importante experimentar, dar largas à imaginação e criar! Somos um país pequeno com muita dificuldade em competir pela quantidade, há que apostar no produto diferenciado, único e especial. Penso que somos bons nisso, o artesanato é disso um exemplo.



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Acho que o mais importante é sermos nós mesmos antes de mais e sentirmo-nos bem com aquilo que fazemos. É preciso olhar cá para fora e depois espreitar lá para dentro. É lá que está aquilo que nós somos e é isso que temos que transportar para os nossos trabalhos, a nossa vivência, as nossas experiências, o que sentimos, o que imaginamos. Penso que se o fizermos ofereceremos um trabalho genuíno, com alma, com coração. É essa a mais valia de um trabalho manual, é ser feito pelas mãos de alguém, que é único e especial, porque cada um de nós o é!



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Não é muito simpático dizer nomes... mas não resisto falar de alguns que me fazem vibrar a cada novo trabalho: sou fã incondicional dos bonecos do Ricardo Rodrigues, que é uma fonte inesgotável de criatividade e perfeição, adoro a doçura dos trabalhos da Rute Reimão, a pureza das peças Senhor de Si, a imaginação divertida das peças da Carla Torrão, o serpenteado delicioso das peças da Maria Ribeiro e a excentricidade colorida da Dina Ladina.

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Que o pomar da Maçã Riscada dê cada vez mais fruta, que o sebastiãopretocarvão continue de agulhas na mão, e que a minha maçazita pequena chamada José cresça saudável e feliz, até ficar uma grande maçã riscadinha sumarenta e deliciosa!

domingo, 8 de março de 2009

Ikebana Design



Nome: Andreia Martins
Cidade: Lisboa
Flickr: www.flickr.com/photos/ikebanadesign




Como descreverias o teu trabalho?

Simples, muito orgânico.



Como é que tudo começou?

Sempre fui muito criativa e adoro misturar materiais. Nos meus tempos livres pinto telas a óleo e sempre fiz as minhas bijutarias. Foi assim que surgiu realmente a Ikebana Design. Sempre que fazia uma peça nova para mim, os meus amigos e familiares gostavam imenso e comecei a ter pedidos de encomenda. Primeiro para a família e amigos próximos, depois para os amigos dos familiares e amigos dos amigos. E assim foi crescendo.

Como escolheste o nome do teu projecto?

Ikebana não é um nome criado por mim, não é um nome novo, muito pelo contrário, é o nome de uma arte floral que nasceu na Índia e que tem raízes profundas na cultura japonesa. Nutri desde cedo um fascínio pela arte oriental e quando foi altura de escolher o nome da minha marca foi lá que o fui encontrar. Por essa altura estava a desenvolver uma tela a óleo. Tenho por costume fazer uma pesquisa sobre os elementos que quero reproduzir. Nesse caso eram plantas/flores e foi nessa mesma pesquisa que descobri toda a história da arte de Ikebana. O conceito, a história e a beleza que a envolvem cativaram-me.

Em contraste com a forma decorativa dos arranjos florais que prevalece nos países ocidentais, o arranjo floral japonês representa o amor à beleza da natureza. O seu objectivo é cultivar e elevar a sensibilidade das pessoas através da composição de arranjos florais, resgatando e realçando a beleza existente em cada flor. Tal como esta arte, sempre que projecto uma colecção tento preservar esta filosofia enriquecedora.



Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

Hum... a minha mãe sempre foi apaixonada por crafts, cresci rodeada de criatividade (risos). Sempre tive em casa coisas mimosas feitas por ela: ponto cruz, pinturas a óleo em pequenas peças e muitos desenhos, caramba… ela desenha muito bem! :) Portanto, o gosto por trabalhos manuais já vem de tenra idade, é uma actividade que me dá imenso prazer.

Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Os crafts tem um papel importante na minha vida mas não são a minha actividade a tempo inteiro (infelizmente). São um hobby que me permite descontrair. Neste momento a minha vida anda bem agitada. Estou a gerir duas empresas, uma onde trabalho efectivamente e que está relacionada com sistemas e assistência informática. A segunda chama-se Pixelminds, é um projecto que envolve mais três amigos e que está relacionada com design, marketing e publicidade. Além disto, estou também a concluir a licenciatura em gestão empresarial à noite.



De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

A minha inspiração acaba por se centralizar nas raízes do próprio conceito do nome da minha marca - Ikebana. Surge por norma da Natureza, que é muito rica e oferece-me muitas coisas que posso adaptar às minhas criações. As texturas, formas, cores… são uma harmonia constante e a conjugação resulta muito bem.

Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Vou buscá-los maioritariamente ao Martim Moniz ou à rua das retrosarias em Lisboa (Rua da Madalena) que fica perto do Arco da Rua Augusta para quem não conhece.

De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

Curiosa esta pergunta, (risos), a parte que mais me agrada na verdade é a conjugação das cores numa peça e a escolha «daquele pormenor».



Como é que divulgas o teu trabalho?

Ainda não tive muito tempo para investir verdadeiramente na divulgação do meu trabalho. Faço-o pela internet através de alguns sites básicos como o Flickr ou o Hi5, também já se proporcionou uma entrevista para uma publicação Japonesa de design chamada 1626, o que foi óptimo!

A Internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Penso que a internet tem um papel muito importante em muitos aspectos na actualidade e, sem dúvida , tem um papel importante na divulgação do meu projecto. As pessoas estão cada vez mais familiarizadas a internet, que é um meio de divulgação barato e acessível e chega a toda a parte do mundo.

O que achas da actual moda do artesanato urbano?

A «moda do artesanato urbano» é sem dúvida muito saudável. Fico deliciada com a quantidade de almas criativas que existem, especialmente no nosso país. Esta explosão de criatividade, caracterizada pela produção de objectos a partir de técnicas tradicionais em série limitada, plasticamente expressivas e com uma aproximação às nossas raízes, são fruto da vivência urbana do artesão e contribuem cada vez mais para a produção de peças nacionais com mais qualidade, mais originais e únicas num mundo repleto de formatos com quantidades industrializadas. Em suma, considero-a como sendo uma lufada de ar fresco para a arte nacional.



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Que tentem sempre usar a vossa própria criatividade, copiar é sempre um mau príncipio e posso garantir que usar as nossas ideias é muito mais gratificante. Aconselho que explorem novas técnicas, novas formas, novos materiais, que não se prendam a nada concreto durante muitos anos. A nossa arte é como nós próprios, amadurece com o tempo e precisa de ser experimentada para que isso aconteça.

Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Tenho tido algum contacto com alguns crafters através do flickr (que é um mundo de talentos). Vou partilhar apenas alguns dos muitos que para mim se destacam: Wishes&Heros, Ideias de Conta, Corte na Costura, Magdalena Orlik, BijouxKa, Lana Bragina, que é da Hungria, adoro as formas orgânicas das peças dela, Lisa Stevens, Cerejas Cintilantes, Su, Dominika Naborowska, Odile Gova, Julie Fountain, Daniele Sinhorelli, Cristina Pacheco, Erika Harberts, Catie's Blue, Judit Wild.

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Neste momento concluir o meu curso. No que diz respeito à minha marca gostava de tirar um curso de design de jóias. Quero aprender novas técnicas de manuseamento de materiais nessa área e aperfeiçoar os meus acabamentos. Com mais tempo pretendo promover o meu trabalho a sério. Depois (risos) tenho o mundo inteiro para explorar! Haja saúde!

domingo, 1 de março de 2009

A menina brinca



Nome: Sílvia Leite
Cidade: Lisboa
Blog: ameninabrinca.blogspot.com
Loja online: lookmamamadeit.etsy.com
Flickr: www.flickr.com/photos/silvialeite




Como descreverias o teu trabalho?

Eu faço brinquedos, acima de tudo. Mesmo quando não são exclusivamente destinadas a crianças, as minhas criações nascem da vontade de revisitar o universo infantil e são sempre coloridas, lúdicas e destinadas a despertar a imaginação. Pretendo fazer objectos que inspirem brincadeiras às crianças e que recordem a infância aos adultos.



Como é que tudo começou?

Bem, tudo começou na minha própria infância, quando passava horas a fazer casinhas de papel e bonecas com as suas roupas. A vontade de fazer brinquedos nunca me abandonou. Também me perco com brinquedos antigos e vintage. Mas este projecto arrancou sem qualquer plano prévio, depois de um pedido da minha filha para que fizesse um bolo de anos à sua boneca favorita. Nunca tinha visto comida de feltro até então e foi por acaso que decidi fazer o bolo com este material. Mais tarde, comecei a receber pedidos de amigas e a ideia de o fazer de uma forma mais profissional foi nascendo assim!



Como escolheste o nome do teu projecto?

Mais uma vez, por inspiração da minha filha. O meu blogue, primeiro local onde mostrei publicamente o que faço, chama-se A Menina Brinca por causa dela, embora eu também me reveja no nome... A lojinha que depois abri num grande site internacional de produtos artesanais chama-se Look, Mama Made It porque essa era a frase que na altura a Mariana mais repetia: «Olha, foi a mãe que fez...»

Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

Acima de tudo, pelo prazer que dá. Adoro criar estes pequenos objectos com as minhas próprias mãos, adoro o planeamento, os acabamentos, cada passo do processo. No início, recuperar a criatividade de outros tempos foi uma motivação fundamental. Com o tempo, outras motivações foram surgindo, sendo uma das mais importantes a relação com os clientes, o feedback que recebo deles e a continuidade que este contacto vai trazendo ao meu projecto.



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

De forma geral não são um trabalho a tempo inteiro, embora existam períodos nos quais só me dedico ao crafting, por virtude da relativa instabilidade da minha profissão. Geralmente, estou quase sempre a trabalhar num emprego «normal» e só me dedico a estas actividades nos poucos tempos livres. Quer isto dizer que corto e coso essencialmente nos fins-de-semana ou ao serão, normalmente quando a minha filha dorme!

De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

Novamente, da minha infância. Mas também de qualquer infância, do imaginário da minha filha, de recortes de revistas, de montras de lojas ou museus, de filmes, de livros, de feiras e sótãos... vale tudo, menos copiar.



Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

No início não era fácil, porque sou muito exigente com a qualidade dos materiais, e também porque preciso de peças muito específicas para alguns dos artigos. Agora, já conheço a maior parte dos fornecedores que me interessam, aqui e no estrangeiro. Compro os feltros em Lisboa e importo muitos tecidos e pequenos acessórios de todo o mundo. Chego a mandar vir formas de papel para bolos do Japão.

De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

Por estranho que pareça adoro fotografar as peças. O momento em que monto todo o cenário necessário para fotografar um bolo é o culminar de todo o processo de criação e não é menos criativo! Gosto de todo o percurso, mas sinto-me muito realizada quando obtenho uma boa foto do produto final. É a minha recompensa mais imediata.



Como é que divulgas o teu trabalho?

Quando comecei, mostrei o blogue e as peças às amigas e às amigas das amigas e muitas foram generosas comigo na divulgação das minhas criações. Depois, a loja virtual contribuiu com um público muito vasto, a nível internacional, que nunca poderia ter de outra forma. O Flickr é também um excelente instrumento de divulgação (embora deva ser respeitado o facto de não se destinar a fomentar vendas). Foi necessário investir muito tempo e dedicação nessa fase, mas valeu a pena. Hoje em dia faço pouca publicidade, quase nenhuma, mas noto que o número de clientes que já tenho é suficiente para manter o projecto em andamento. Em todo o caso, parece-me que prestar um bom serviço aos clientes é a melhor forma de publicidade.



A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Sem dúvida. O meu projecto, em particular, não existiria sem a internet. Dependo de uma relação directa, sem intermediários, com os meus potenciais clientes e o tipo de peças que crio não me permite ter stocks suficientes para frequentar feiras e eventos semelhantes, para os quais de resto não tenho disponibilidade. Os circuitos comerciais habituais não deixam espaço para os micro-negócios e para os pequenos criadores, mas a internet permite que haja este encontro entre as ofertas mais específicas, como os brinquedos de fabrico manual, e o seu público alvo, a uma escala global.

O que achas da actual moda do artesanato urbano?

É como todas as modas: tem aspectos positivos, outros menos, e um dia vai passar. E certamente voltará mais tarde, mas sempre diferente. Para já, gosto da ideia de deitar abaixo os preconceitos ligados ao trabalho manual e a quem o faz, gosto do espectáculo da criatividade alheia, e gosto de ver muitas pessoas (tal como eu) a descobrir as suas capacidades pessoais e a desenvolver um espírito empreendedor. Não gosto da mediocridade, nem da falta de criatividade que leva à repetição de esquemas já muito batidos. Também não gosto de um certo elitismo, da parte daqueles que acham que um artesão moderno não é simplesmente quem faz trabalho manual para o seu tempo, mas que, além disso, deve cultivar uma determinada imagem e viver de acordo com uma série de preceitos codificados. Disso não gosto.



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Não é a primeira vez que mo perguntam. Penso que todas as pessoas possuem talentos muito pessoais, que podem e devem compartilhar com os outros, mas é necessário antes de mais que tenham uma consciência clara e honesta de quais são esses mesmos talentos. Nem todos são talhados para fazer trabalhos manuais, da mesma forma que nem todos nasceram para cantar ou dançar, ainda que o desejem muito. Mas quem tem mesmo vontade de encontrar o seu estilo e o seu «nicho» nesta área poderá tentar perceber o que é que mais lhe interessa e agrada, possivelmente desde a infância, e desenvolver essa vertente. Julgo que, mesmo depois de encontrada a «vocação» é necessário aperfeiçoar tanto quanto possível as capacidades de execução, conhecer e dominar as técnicas e conceber um produto tanto quanto possível original, ou com uma forte marca própria. É forçoso ser-se exigente consigo mesmo.



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

É claro que esta pergunta exige uma escolha difícil. Quando comecei, senti-me muito inspirada pelos trabalhos de várias crafters que ainda acompanho com prazer. Tenho de mencionar, por exemplo, as criações alegres e originais da Jenny B. Harris, os projectos despretensiosos e deliciosos da Lynn Roberts, a criatividade da Hillary Lang e tudo sobre a Amanda Soule, que vive e respira handmade. Mas também estou sempre a descobrir criadores que ainda não conhecia, como o Timothy Haugen, cujos brinquedos são mesmo fantásticos, ou a Constança, que não se dedica às crianças em particular mas faz tudo tão perfeito e bonito ou ainda a Hine, que me diverte tanto. Por fim, é justo mencionar a Rosa Pomar, que desbravou os caminhos da internet (e outros) para muitos crafters nacionais e estabeleceu um padrão de exigência de qualidade que me diz muito. Deixo muitos de fora, muitos mesmo...

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Não são propriamente sonhos. Gostava de continuar este projecto, desde que sinta que é possível continuar a desenvolvê-lo e que não me limito a copiar-me a mim própria indefinidamente. Gostava de ter a possibilidade de me dedicar profissionalmente aos brinquedos, de várias formas. Adoro brinquedos!