domingo, 30 de agosto de 2009

Daniela Pereira



Nome: Daniela Fernandes Pereira
Cidade: Espinho
Blog: danielapereiradzn.blogspot.com
Site: http://www.danielapereira.com/
Loja online: danielapereira.etsy.com (brevemente)
Flickr: www.flickr.com/photos/danielapereira




Como descreverias o teu trabalho?

É um trabalho diversificado que tem como base a exploração de diversos materiais, reutilizados e não só. Trabalho por fases e manias, neste momento são os guardanapos de papel e o desperdício têxtil que servem de inspiração para criar grande parte das minhas peças. Noutros tempos, foram os sacos de café e de plástico, as carteiras de comprimidos, os plásticos de bombons, as aparas de plásticos, as patilhas metálicas, os naprons de papel, entre outros, que desafiaram a minha criatividade.

Como é que tudo começou?

É uma breve (grande) história… A tendência para as artes plásticas sempre esteve presente no meu percurso de vida. No 1º ciclo que criei para a minha turma malas coloridas a partir de caixas de sapatos recolhidas em sapatarias. No seu interior colocava um jogo de utilidades com base em temas: caixas de primeiros socorros; caixa de recursos para quem se esquecesse de material escolar como lápis de cor, borrachas, canetas, cola; caixas com diversos materiais para a disciplina de trabalhos manuais como cartões, embalagens de perfumes, papéis de rebuçados, entre outros.

Nos tempos livres ocupava-me da confecção de roupas e acessórios para as minhas bonecas, planificava chapéus e malas em cartão e depois revestia-os com o mesmo tecido da toilette. Além destes hobbies, sempre coleccionei de tudo (!!!), desde canetas, latas de refrigerantes, porta-chaves, borrachas, papéis de cheiro, até sacos de compras… uma infinidade de «lixo». Mas, mais a sério começou em Junho de 2005, quando venci com os Poufs o primeiro prémio no Concurso Mundo Mix na temática Novas Ideias. E foi ao participar no Mundo Mix PT em Coimbra, Porto e Lisboa que estabeleci contactos para integrar exposições colectivas e individuais, que divulgaram o meu trabalho, e para comercializar as minhas peças em lojas dedicadas ao artesanato urbano. Isso fez com que tivesse que levar este meu trabalho mais a sério!

Como escolheste o nome do teu projecto?

Inicialmente tinha escolhido o nome «dpdesign», «dp» de Daniela Pereira e «design» porque é a minha área de formação. Mas após conversar com alguns amigos, fui aconselhada a alterá-lo para o meu nome, em vez de dizer «dpdesign» de Daniela Pereira, passei a dizer só Daniela Pereira. Descompliquei.

Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

Porque adoro artes plásticas. Motiva-me o facto de não ser um trabalho monótono, uma vez que tenho uma grande diversidade de peças com materiais diferentes. Os pedidos personalizados são um grande desafio.



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Os crafts são quase um trabalho a tempo inteiro, uma vez que também me dedico à área de design de equipamento e interiores. Os meus dias são ocupados entre estas duas áreas.

De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

Da exploração e do manuseamento dos materiais que me rodeiam. Esse é o princípio fundamental para despoletar a minha criatividade.



Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Em nenhum sítio específico. Como trabalho com diversos materiais, eles vão surgindo à medida que tenho interesse ou não em adquiri-los. Muitas vezes entro em lojas só para espreitar e acabo por ver um material interessante para qualquer coisa a desenvolver.

De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

A fase inicial, a planificação e composição da peça. É nesta fase que surgem, muitas vezes, novas ideias para outras peças.

Como é que divulgas o teu trabalho?

Divulgo através do site, do envio de e-mails, das lojas e de algumas feiras em que participo.



A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Sim, claro! Mas as lojas que me representam também têm uma componente bastante forte nessa divulgação. Não esquecendo todas as pessoas que compram ou recebem as minhas peças, pois são elas que também as divulgam entre familiares, amigos e colegas.

O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Sinceramente acho uma febre exagerada, mas como todas as modas têm uma certa duração…



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Acima de tudo, penso que os materiais têm que ser explorados ao máximo e se assim for cada crafter consegue desenvolver o seu próprio estilo, conceito e caminho. Porque os mesmos materiais e recursos estão ao alcance de todos!

Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Não tenho propriamente crafters favoritos, o que eu tenho são peças favoritas de muitos crafters. E à custa deste blog aumentei, sem dúvida, a minha lista…

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Gostaria de continuar a ter a possibilidade de fazer o que gosto. Se isso acontecer, já seria óptimo! Era meio caminho andado para continuar e desenvolver este projecto.

domingo, 23 de agosto de 2009

Poeiras, Trapos e Farrapos



Nome: Marta Gama Mendes
Cidade: Braga
Blog: martapoeiras.blogspot.com
Loja online: www.etsy.com/shop.php?user_id=6996329
Flickr: www.flickr.com/photos/marta_mendes




Como descreverias o teu trabalho?

Como sendo parte de mim.



Como é que tudo começou?

Em criança, talvez. A fazer roupas para bonecas e a desenhar. Sempre tive necessidade de criar coisas.

Como escolheste o nome do teu projecto?

O nome poeiras estava associado a um site de fotografia que tinha antes de começar a fazer crafts, portanto a fotografia está na base de tudo. Poeiras porque sempre gostei da palavra, faz-me lembrar pó de estrelas e coisas mágicas. E todas as pequenas coisas do dia-a-dia que gosto de guardar. Trapos e farrapos por ser uma expressão popular.



Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

Não sei bem, gosto de ter projectos na cabeça, no papel e de vê-los prontos depois. A sensação de fazer nascer coisas das nossas mãos é indescritível.

Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Não. Dizer o que ocupa os meus dias dava pano para mangas. Fiz uma licenciatura em Comunicação Social que me ensinou, sobretudo, a ser polivalente. Já trabalhei na minha área, mas desde que decidi deixar o país por uns tempos que não tenho profissão e faço mais ao menos o que me apetece. Há tantas coisas para aprender e tanta coisa para conhecer!



De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

A inspiração vem de tudo. E com tudo quero dizer mesmo tudo. Mas é claro que a natureza é a fonte principal para mim. Tento sempre fazer uma associação entre a peça e uma fotografia, seja ao nível da inspiração, da forma, da cor. Às vezes a peça nasce da foto, outras vezes a foto aparece depois, mas gosto sempre de compor as coisas desta forma.



Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Uso tecidos, botões, linhas, feltro e, no início, era quase tudo oferecido. Recuperava coisas a que as pessoas não davam uso. Agora vou comprando, adoro encontrar botões e outras relíquias, são verdadeiros tesouros para mim.

De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

A parte em que estou num sítio qualquer e tenho uma ideia e vou a correr escrevê-la. E a parte da criação, que é como uma terapia.



Como é que divulgas o teu trabalho?

Através do blog e do flickr, sobretudo. E em algumas lojas.

A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

A internet é o meio principal de divulgação.

O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Quando comecei, há cerca de 5 anos, nunca pensei que as coisas atingissem estas proporções. Não levo nada demasiado a sério, acho que, se as pessoas se sentem bem a criar, isso deve ser uma coisa boa. É claro que se é uma moda vai passar, como todas as modas, e depois regressar, talvez, não sei. Acho que é muito bom retomar coisas que estavam quase perdidas nos nossos dias, como o tricot, o crochet, os bordados e tantas outras coisas e dar-lhes novos caminhos.



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Dar conselhos é complicado, mas acho que se fizermos as coisas porque elas nos saem genuinamente e porque gostamos do que fazemos, então estamos no bom caminho.



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Admiro o trabalho de muita gente, a lista seria grande!

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Continuar a fotografar e a criar coisas. E, sobretudo, continuar a divertir-me com isso.

domingo, 16 de agosto de 2009

Há Monstros Debaixo da Cama



Nome: Ana Salomé
Cidade: Viana do Castelo
Blog: ha-monstrosdebaixodacama.blogspot.com
Flickr: www.flickr.com/photos/hamonstrosdebaixodacama





Como descreverias o teu trabalho?

É um trabalho de reciclagem, onde dou uma nova vida aos materiais que costumamos deitar no lixo. Aproveito todas essas matérias-primas, revisto-as com pasta de papel e... perlimpimpim! Transformam-se em monstrinhos, muninas, piu pius, baratinhas...



Como é que tudo começou?

Tudo começou numas férias de Verão, durante os meus 16 anos, em que descobri na internet uma receita de papier machê. Decidi experimentar e, como todos lá em casa gostaram do resultado, continuei... Mais tarde, quando já se somavam algumas criaturas acabaram por ser os amigos e familiares a convencerem-me de que este hobby poderia ir mais além. Motivada, decidi criar o meu blog e foi aí que nasceu o «Há Monstros Debaixo da Cama».

Como escolheste o nome do teu projecto?

Foi simples! Sempre que acabava mais um bichinho guardava-o debaixo da cama. Daí o nome: Há Monstros Debaixo da Cama!



Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

Todos na minha família nasceram com o gosto pelo desenho e ilustração. Eu, da mesma forma, não nasci diferente, apenas descobri que a minha vertente criadora estava mais relaccionada com os monstros.



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Apesar de ser essa a minha vontade, ela ainda não se concretizou e por isso só ponho a mão na pasta nos tempos livres.

De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

Colecciono muitas imagens com padrões de tecidos e roupas, tenho pastas e pastas com imagens. De resto, vem de tudo um pouco: dos animais, dos insectos, do dia-a-dia, etc. No entanto, existe aquela inspiração que prevalece acima de todas... Tim Burton!



Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Para os meus projectos não tenho a necessidade de ir em busca de materiais, pois acima de tudo este é um trabalho de reciclagem e, como tal, reaproveito os pacotes de cereais, garrafas de água e latas que costumamos ter em casa para construir as formas dos monstros. Só depois os revisto com a pasta de papel, que eu própria faço.

De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

É a parte em que lhes faço o sorriso, os olhos, em que escolho que roupa vão vestir... ou seja a parte da pintura! E a que menos gosto é a parte em que eles são adoptados.



Como é que divulgas o teu trabalho?

Através da internet e, mais recentemente, também na Loja Mãe Galinha, em Viana do Castelo.

A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Tem o papel principal! É através da internet que consigo comunicar e divulgar o meu trabalho, inclusive a contactos como jornais, revistas e até televisão. E foi também graças a ela que o Vidas Crafty me conheceu e convidou para esta entrevista!



O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Acho óptimo! Acho que o trabalho artesanal sempre foi, e ainda é, o mais valorizado. Uma peça artesanal é sempre uma peça única e exclusiva, imposível de se voltar a produzir de forma idêntica. É uma peça que manifesta sempre um toque pessoal e intrasmíssivel, próprio do artista que a produz. E, como se produz uma a uma, o trabalho é maior e as pessoas sabem valorizar isso.

Mas actualmente, por vezes, estes motivos já não chegam para cativar os possíveis clientes, pelo que, ao conciliar o tradicional com o moderno, o artesanato urbano consegue uma boa aceitação, já que as pessoas compram um produto que de certa forma é tradicional, mas que simultaneamente pertence e condiz com o seu quotidiano. No entanto, como em tudo, a moda vai passar e aí só resistirão aqueles que realmente têm ideias próprias, trabalhos inéditos, originais e com valor.



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

O difícil é descobrir a nossa verdadeira vocação, mas a partir daí se a juntarmos ao que gostamos de fazer, as ideias vão surgir naturalmente.



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

São cada vez mais. No entanto, tenho um carinho especial pelos trabalhos da Carol W., pois tal como eu trabalha em papier machê.

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Para o futuro aquilo que mais me agradaria era conseguir subsistir apenas e só do meu trabalho como criadora de monstrinhos.

domingo, 9 de agosto de 2009

Kase-faz



Nome: Maria Madeira
Cidade: Porto
Blog: kase-faz.blogspot.com
Site: brevemente online
Loja online: kase-fazshop.blogspot.com
Flickr: www.flickr.com/photos/kase_faz




Como descreverias o teu trabalho?

Como uma ponte entre algumas técnicas tradicionais de manufactura artesanal e o desenho mais contemporâneo. Tento sempre incutir numa peça um cunho mais actual, através da cor, dos padrões dos tecidos e da temática do desenho, sem a preocupação de seguir tendências. E colocar a linguagem visual gráfica nas peças, como se em vez de bordar e costurar, estivesse a desenhar!

Embora siga uma metodologia na sua construção, as peças ganham muitas vezes vida própria desenhando-se a elas mesmas. Normalmente trabalho em várias ao mesmo tempo, não consigo focar-me só numa, deixando-as a «maturar» no estirador.



Como é que tudo começou?

Se pensar bem, há muitos anos. Desde pequena que desenhava e vestia as minhas bonecas. À vinda da escola passava com a minha irmã numa pequena fábrica de confecção, onde pedíamos restos de tecidos. A paixão por estes despertou aí.

Apesar do meu percurso académico ter passado pelas Artes Plásticas, o gosto pelos têxteis prevaleceu sempre. Em 2003 fiz uma boneca de pano à mão, daí até comprar a minha primeira máquina de costura foi um instante. Da primeira boneca às carteiras tudo aconteceu e evoluiu naturalmente.

As colagens recentes são uma consequência dos tecidos. São um patchwork feito com papéis que me dá muito prazer fazer!



Como escolheste o nome do teu projecto?

Este é um projecto a dois. O nome foi escolhido tendo como preocupação definir de forma simples as linhas orientadoras deste. A concepção, a execução, a divulgação e a comercialização são etapas exclusivamente da nossa responsabilidade, daí o «cá se faz». Por outro lado pretendíamos uma sonoridade de fácil memorização e uma grafia actual, do que resultou o «Kase-faz».



Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

O prazer que me dá transformar a matéria. O ser produtora e não consumidora. O racionalizar recursos, fazendo com que as peças perdurem no tempo pela sua qualidade e exclusividade. Que elas passem de mãe para filha, que não sirvam para usar e deitar fora. E, fundamentalmente, que sirvam a sua função como brinquedo e objecto do dia-a-dia no caso das carteiras. É para isso que trabalho, no sentido de me aperfeiçoar constantemente quando crio um produto.



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

A tempo inteiro ainda não, embora tudo se esteja a construir no sentido de me dedicar brevemente a 100% a este projecto com a criação do nosso atelier! Neste momento a minha actividade profissional é o ensino.

De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

A inspiração vem essencialmente da natureza que me rodeia… porém hoje em dia somos constantemente assediados com informação, imagens. Tudo serve de inspiração… se olharmos com olhos de ver.



Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Compro normalmente os tecidos online e no comércio tradicional mais antigo da cidade do Porto, onde ainda se fazem grandes achados. Tenho pena é que muitos produtos de origem portuguesa de qualidade indiscutível estejam a desaparecer por falta de procura.

De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

Gosto do processo todo, desde a concepção, execução, até ao produto final. Ah e fotografar! Fazer brilhar as peças num bonito cenário! E dar aquele toque que torna a fotografia um momento único.



Como é que divulgas o teu trabalho?

Essencialmente pela internet e em duas lojas neste momento, a Design com texto e a Corações Habitados.

A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Importantíssimo, foi através dela que este projecto cresceu e se deu a conhecer a um número crescente de pessoas que de outra forma não seria possível! O feedback tem sido muito positivo e estimulante!



O que achas da actual moda do artesanato urbano?

É uma moda da contra-corrente com muitas valências. Que vai passar naturalmente e que vai evoluir noutro sentido e no rescaldo deixar alguns bons nomes de referência.

Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Que trabalhe muito, que olhe à sua volta, a inspiração às vezes está ali ao lado! Porque o fio condutor e uma linguagem própria num trabalho surge com pesquisa, experimentação… e com muito trabalho.



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

São muitos! Há muita gente com trabalho que adoro! Referi-los a todos daria uma lista extensa!

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Dedicar-me a este projecto a 100% e fazê-lo crescer de uma forma coerente e sólida.

domingo, 2 de agosto de 2009

Papoila Menina



Nome: Alexandra dos Santos
Cidade: Porto
Blog: papoilamenina.blogspot.com
Flickr: www.flickr.com/photos/papoilamenina




Como descreverias o teu trabalho?

É um trabalho apaixonado que pretende trazer mais beleza e fantasia à vida de todos os dias.



Como é que tudo começou?

Tudo começou por uma necessidade de expressão. Depois de vários anos a trabalhar em Bruxelas na minha área de formação, regressei ao Porto, com tempo e disponibilidade para explorar ideias desorganizadas que iam passando pela minha cabeça e às quais nunca tinha tido oportunidade de dedicar qualquer atenção. Sentia necessidade de fazer coisas com as minhas mãos, motivada também por querer mais reflexos de mim e da minha forma de estar na vida, em minha casa… Rapidamente percebi a minha paixão por tecidos e não tardou muito até entrar numa loja Singer para comprar uma máquina de costura, sem sequer saber como se enfiava a linha na máquina. Não descansei enquanto não ganhei intimidade com a minha máquina e a partir daí as coisas foram crescendo e ganhando um lugar cada vez mais especial na minha vida.



Como escolheste o nome do teu projecto?

Papoila Menina pela sonoridade de duas palavras simples e bonitas, numa ordem improvável. E porque adoro flores, e porque estas duas palavras juntas assim remetem para um universo de doçura com que me identifico.

Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

Agora já se tornou uma necessidade, uma extensão de mim. Mas cresceu sendo uma libertação de uma vida demasiado presa ao trabalho desenfreado que nos absorve a cabeça, a vitalidade e a energia e nos desvia das coisas mais importantes.



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Neste momento, sim, são um trabalho a tempo inteiro. O que não significa que exclua a possibilidade de trabalhar na minha área de formação (Relações Internacionais Culturais e Políticas), por que também sou apaixonada… Para mim, a situação ideal seria uma combinação destes dois mundos. Contudo, neste momento estou de corpo e alma num projecto que começou por ser um sonho, mas que se tornou uma bonita realidade, uma loja que me preenche e permite partilhar o que faço: a Rosa Malva.



De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

Da poesia da vida.

Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Ando sempre à procura, sempre atenta… nas retrosarias antigas, nos armazéns de tecidos tradicionais, sempre que vou para uma localidade ou um país diferente, lá estou eu a entrar em tudo o que tem ar de ser do século passado… mas onde me abasteço é principalmente na internet, pela diversidade a que se tem acesso e, inevitavelmente, pelos preços praticados. O que também me tem acontecido – e que é absolutamente delicioso - é as pessoas (conhecidas ou desconhecidas) virem ter comigo com sacos de botões antigos, restos de tecidos, rendas, fitas e galões, numa espécie de doação de coisas que para elas já tiveram muito valor. Para mim, são tesouros.



De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

Adoro começar. Tudo parte de uma espécie de ideia ou de um impulso e raras são as vezes em que sei, exactamente, como terminará. Para mim o processo de produção é algo muito meu, preciso de estar sozinha, a verdade é que as coisas vão saindo da minha cabeça e das minhas mãos e eu não sei bem por que ordem isto acontece. Depois, claro, adoro ver o resultado.

Como é que divulgas o teu trabalho?

Através do meu blog e do meu sítio no Flickr, mas também através da Rosa Malva e respectivo blog, assim como da participação ocasional em feiras de artesanato.



A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Tem, sem dúvida que continua a ter, mas teve sobretudo um papel determinante no início. Sem o impulso da internet, da partilha e da aprendizagem que me proporcionou, teria sido muito difícil manter os níveis de entusiasmo, dedicação e de inspiração que foram cruciais para trazer a Papoila Menina até aqui. Algo, que na realidade, não esperava.



O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Esta moda sente-se a dois níveis: a moda de fazer e a moda de comprar. Em relação à primeira moda, a de fazer, acho que está ligada a um certo descontentamento de muita gente da minha geração com o rumo que as suas vidas tomaram. A história dos empregos que nos sugam, que nos tornam reféns das nossas próprias vidas e que nos leva à procura de algo diferente, da essência das coisas. É quase um regresso às origens depois de nos termos afastado delas. Claro que a este fenómeno também está ligado o mal-estar geral económico dos últimos anos, o aumento do desemprego e a necessidade de criar meios alternativos de ocupação e de rendimentos. A combinação destas circunstâncias fez com que muita gente tivesse vontade de explorar, com os meios de que dispunha, o trabalho artesanal.

Em relação à outra moda, a de comprar, na minha opinião esta revela que os consumidores estão cansados da «globalização, procuram a diferença, e com isso também uma forma diferente de estar na vida. De alguma maneira, esta moda representa uma forma de humanizar o consumo. E as pessoas gostam disso.



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Tudo o que fazemos tem que conter verdade e amor. Sem esses dois componentes, simplesmente não funciona. E depois é tudo uma questão de (bom) gosto.

Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Posso sim. Não posso deixar de referir algumas pessoas cujo trabalho sempre me fascinou e que me incentivaram imenso, logo desde o início, a revelar o meu trabalho, transmitindo-me muita confiança e carinho. São elas a Mané Pupo e a Carla M., da Birra de Sono. Depois, confesso ser uma fã incondicional do trabalho da Lu, da Hippyxic, assim como do trabalho da Rute Reimão. E claro, há muitos mais crafters que fazem parte da minha lista de favoritos, mas refiro apenas estas quatro pela importância que tiveram na minha própria formação enquanto crafter, por me servirem de exemplo e de inspiração.

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Ser feliz!!! :)