domingo, 21 de fevereiro de 2010

Les Petites Choses



Nome: Vera, a mãe e Vanessa, a filha
Cidade: Lisboa
Blog: les-petiteschoses.blogspot.com
Loja online: verarodrigues.etsy.com
Flickr: www.flickr.com/photos/29444122@N06



Como descreveriam o vosso trabalho?

O nosso trabalho é (ou procura ser) romântico, feminino e de inspiração vintage, de certa forma nostálgico, mas que se adequa ao dia-a-dia. Acima de tudo, queremos criar peças que nos dão prazer e que achamos bonitas :)



Como é que tudo começou?

Começou com a loja no Etsy, que a filha criou para a mãe em 2007, na esperança de poder mostrar as suas peças. Depois, a filha incentivou a mãe a criar mais peças de bijuteria, numa colaboração entre as ambas.

Como escolheram o nome do vosso projecto?

A loja tem o nome da mãe, Vera Rodrigues, mas achámos adequado procurar um nome que de certa forma sintetizasse as características das nossas peças. Assim, escolhemos um nome em francês que nos remete para a elegância e delicadeza (não podíamos esquecer Maria Antonieta!). O nome em si, «As pequenas coisas», é uma referência directa ao que fazemos: pequenas peças, delicadas, sem pretensões, para uso no dia-a-dia.



Porquê fazer crafts? O que é que vos motiva?

Existe um prazer inexplicável em criar coisas. Todo o processo, desde as primeiras ideias à escolha dos materiais e à sua combinação, que nos fascina, relaxa, e nos dá imensa alegria. É igualmente motivador ver que muitas pessoas partilham os nossos gostos ao ponto de comprarem as peças. Assim, vamos criando ligações, passando um pouco de nós para outras pessoas. Costumamos dizer que as nossas peças viajam mais do que nós!



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os vossos dias?

A mãe é funcionária pública, a filha estudante de Design de Comunicação, além de ter a sua própria loja. Os crafts ocupam assim, e da melhor forma, os nossos tempos livres.

De onde vem a inspiração para os vossos trabalhos?

Gostamos muito de peças vintage, das peças decorativas de certos períodos históricos, da natureza, de texturas e de elementos femininos. Tentamos incorporar esses elementos nas nossas peças.



Onde é que encontram os materiais para os vossos projectos?

Os nossos materiais são maioritariamente comprados no site Etsy, onde temos também a nossa loja, pois existe uma variedade enorme de peças para todos os gostos e que dificilmente encontramos cá em Portugal.



De todo o processo de produção das vossas peças qual é a parte que mais vos agrada?

Sem dúvida que é a junção dos materiais. Sentimos uma grande emoção ao ver as peças ganhar forma, muitas vezes alteramos a ideia original porque encontramos uma outra peça que podemos adicionar. É como se estivéssemos a encontrar um tesouro :)

Como é que divulgam o vosso trabalho?

Essencialmente através do Flickr, onde postamos fotos das novas peças com regularidade e também através do blog, onde disponibilizamos algumas peças para quem não tiver conta no Etsy.



A internet tem um papel importante na divulgação do vosso projecto?

A internet é fundamental. Experimentámos feiras de artesanato, mas não obtivemos o mesmo feedback. A internet permite-nos sair de Portugal e atingir outros públicos, que de outra forma não teriam acesso ao nosso trabalho.



O que acham da actual moda do artesanato urbano?

Achamos que é uma moda muito saudável! O artesanato deve dar prazer a quem o faz e acreditamos que serve até de terapia para muitas pessoas, além de proporcionar um rendimento extra a nível financeiro. Desde que exista respeito pelo trabalho de cada artesão, que se mantenha um certo nível de qualidade e que se goste realmente do que se faz, é uma moda a seguir.



Que conselho dariam a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Tal como nós fizemos, o conselho é experimentarem muito, mesmo com materiais e técnicas que pensem que não vão gostar, por vezes temos surpresas! Quando encontrarem um modo de criar pelo qual se apaixonem de verdade, trabalhem muito, vejam o que se faz dentro desse género, e criem algo que a vós diga algo, com que se identifiquem.

Podem partilhar alguns dos vossos crafters favoritos?

Existem muitos! Estes são alguns: Sweet Pee, A Ervilha Cor de Rosa, Caixa de Ideias, Mi-nuxa, Bijouxka, Thumble, Munieca...

Quais são os vossos sonhos para o futuro?

Gostaríamos de criar um site, mas mantendo tudo a um nível familiar e nano-mini-micro, pois queremos continuar a criar porque nos dá prazer, sem grandes condicionalismos.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Dina Ladina



Nome: Dina Piçarra
Cidade: Palmela
Blog: dinaladina.blogspot.com
Loja online: www.etsy.com/shop/dinaladina
Flickr: www.flickr.com/photos/54746592@N00



Como descreverias o teu trabalho?

Espero que seja sobretudo um trabalho criativo, que acrescente alguma coisa ao que já existe, que acrescente cor e alegria à vida das pessoas. Para além disto, gosto de contar histórias com os tecidos, para mim há sempre uma relação, uma cumplicidade que se estabelece entre os diferentes elementos e que gostaria que transparecesse para quem vê.



Como é que tudo começou?

Começou um pouco por acaso numa altura em que tinha deixado de dar aulas e decidi voltar a pegar nas agulhas de tricot para fazer uma camisola. Por essa altura, deparei-me com a ilustração de um coração na capa de uma revista e quis reproduzi-la com pontos sobre feltro, apliquei-o na camisola e gostei bastante do resultado. Seguiu-se uma camisola de tricot com pulmões, um vestido com um feto na zona abdominal, e foi um não mais parar, até hoje.



Como escolheste o nome do teu projecto?

Foi muito simples, depois da sugestão de alguns nomes que não me diziam nada, lembrei-me do que a minha avó, que é alentejana, me chamava quando era criança - Ladina!



Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

Essencialmente é a liberdade para criar, o ver nascer os objectos e acompanhar de perto todo o processo de crescimento de uma peça. Por outro lado, saber de onde veio a peça, que ela não é produto do trabalho de pessoas exploradas, ou que foi transportada do outro lado do mundo - com todas as implicações que isso comporta.



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Sim, esta é a minha profissão a tempo inteiro. Os dias são muito pequenos para tantas coisas que tenho que fazer. Para além da vida familiar, vou para o ateliê criar ou executar peças, ou trabalho no computador para tratar de correspondência, actualizar o blogue ou preparar os workshops. Não tenho uma hora definida para estas tarefas, mas normalmente acontecem quando o trabalho de criação ou execução manual não está a fluir. Por vezes ainda me desloco a casa de colaboradoras para entregar ou orientar trabalho, ou ao teatro – quando há alguma parceria. No meio de tudo isto tem que haver tempo para embalar, fazer os envios, comprar materiais e fazer pesquisas. É difícil fazer a gestão do tempo, sobretudo porque as peças que faço são exigentes a nível de trabalho e não é rápido executá-las.



De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

Das coisas que eu gosto, do dia-a-dia, das pessoas. Não sei exactamente responder a essa pergunta nem sei bem o que é a inspiração, maioritariamente as peças são produto de um processo de trabalho minucioso e demorado.

Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Gosto sobretudo de usar tecidos antigos pelas cores e padrões que utilizam e porque desta forma garanto uma maior exclusividade. Claro que também compro tecidos actuais, no entanto, gosto que os padrões de tecido sirvam o meu objectivo e não o contrário, em que o tecido é o principal motivo de existência de uma peça.



De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

É o corte do desenho, a composição dos diferentes pedaços de tecido, toda a parte em que se materializa o que era apenas uma imagem na minha cabeça.

Como é que divulgas o teu trabalho?

Essencialmente, através da internet.



A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

A resposta anterior já responde a esta questão.

O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Acho que é bom que esta explosão do handmade tenha acontecido, até porque ajudou-me a encontrar o meu caminho, mas lamento que muitas vezes este tipo de trabalho não seja verdadeiramente valorizado, tanto pelo comprador como pelos lojistas. Dito de outra forma, pode até ser reconhecido, mas a valorização que advém do valor monetário não se verifica, todo o processo de comercialização é muito difícil. Claro que isto está relacionado com atitudes que estão influenciadas por campanhas de marketing e por uma mentalidade enraizada que valoriza marcas não nacionais que estão associadas a determinada imagem.

É necessário e urgente que se provoque uma alteração de mentalidades e isso tem que começar por nós, por quem produz, se o criador não valoriza o seu trabalho como espera vê-lo valorizado por outros?



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Que seja autêntico, que procure em si a resposta. De qualquer forma, um estilo próprio requer pesquisa, trabalho e investimento pessoal. Ainda assim, é possível que nem todos o consigam atingir, é assim em todas as áreas.



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Prefiro não dizer…

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Amanhã quero continuar a ilustração de uma saia, a composição de um painel em que ando a trabalhar e se ainda for possível completar o desenho de um burro numa mala.