domingo, 20 de junho de 2010

Jubela



Nome: Joana Caetano
Cidade: Porto / Castelo de Paiva
Blog:
jubela-shop.blogspot.com
Loja online: jubela-shop.blogspot.com
Flickr: flickr.com/jubela



Como descreverias o teu trabalho?

É um reflexo daquilo que gosto e sei fazer. São peças essencialmente femininas, em que o objectivo é acrescentar um pormenor divertido, descontraído e original à pessoa que as usa. Faço uma mistura de vários materiais (feltro, tecidos, botões, linhas) com outras técnicas mais tradicionais como os bordados e o crochet.



Como é que tudo começou?

O gosto pela criação sempre existiu e isso reflecte-se em todas as escolhas da minha vida. Desde pequena sempre me fascinou o mundo dos trabalhos manuais. Acho que é uma herança que já vem dos meus pais. Aprendi a fazer renda com a minha mãe. Não consegui que ela me ensinasse a tricotar, pois ela é uma auto-didacta virtuosa e não tinha paciência para ensinar! Com o meu pai aprendi, entre outras coisas, a fazer as contas de papel e adorava fazer as florzinhas de pão que nos ensinou a minha tia. Recentemente fiz um workshop de bordados de Guimarães e isso veio enriquecer muito o meu trabalho. Mas eu gosto de aprender tudo, até origami aprendo, que faço na hora e no dia a seguir já me esqueci de como se faz!



Como escolheste o nome do teu projecto?

Acho que o nome é que me escolheu a mim. Jubela é uma alcunha que inventaram na brincadeira a partir do meu nome Joana + Isabel. Somos quatro irmãos e todos temos uma alcunha inventada a partir dos nossos nomes. Eu sempre tive vergonha de Jubela, mas o que é certo é que me comecei a habituar. Depois fui descobrindo uma série de coincidências que existem com este nome, como um furacão e um livro infantil. Acabamos mesmo por baptizar gatas com as nossas alcunhas. Passou a ser o meu nickname no Flickr e quando precisei de um nome para criar o blog, transformei a Jubela numa marca.



Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

Da mesma forma que tudo começou. Sempre existiu na minha vida. O que me motiva é gostar de criar objectos com as minhas próprias mãos. Na escola, as minhas disciplinas preferidas eram sempre as relacionadas com o desenho e os trabalhos manuais. Durante o curso de cenografia, desenvolvi um gosto especial pelas coisas mais pequenas, como adereços e marionetas. É uma tendência natural que não tento nem quero contrariar!



Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Não, mas ocupam cada vez mais tempo. Trabalho em part-time numa associação e faço trabalhos esporádicos de cenografia, adereços e marionetas.

De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

Do que vou respigando nos meus dias. Das pequenas e grandes coisas que fazem parte da minha vida. O facto de ser vegetariana, adorar animais e ter consciência e preocupações ambientais conta muito. Por outro lado gosto (adoro!) fado, folclore, bailes, concertos, tascas, de beber vinho, de ouvir vozes femininas a cantar, gosto de dançar, viajar, das cidades do Norte de Portugal e tudo isso serve de inspiração para o meu trabalho!



Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Quando vou trabalhar, passear, ou de férias, ou seja, sempre que estou fora de casa, uma coisa que faz parte das minhas prioridades é entrar em lojas/retrosarias e como ando quase sempre a pé, não me canso de procurar lojas, visitá-las, ir ver... devo ser a típica cliente chata! Mas prefiro mil vezes passar uma hora numa retrosaria do que em shoppings e grandes superfícies comerciais!



De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

Gosto quando tenho uma ideia que na sua execução e resultado final é exactamente aquilo que eu esperava. E nestes casos, fico a admirar a peça no manequim ou de preferência no meu pescoço durante algum tempo! (ok, confesso que também gosto de ir a correr tirar fotografias para colocar no blog ou no Facebook).

Como é que divulgas o teu trabalho?

Na internet e agora também em feiras. As feiras têm um papel importante na divulgação, pois o número de visitas no blog aumenta significativamente.



A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Sim, falta-me o Etsy e o Flickr pro para ter tudo a funcionar como gostaria, mas nessas matérias sou um bocado azelha, vou ter de pedir ajuda...!!!

O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Acho que tem aspectos positivos e negativos. Há cada vez mais gente com trabalho de uma qualidade elevadíssima, em todos os aspectos e pormenores. Mas depois há aquilo que chamo de fast-food do artesanato urbano, onde as coisas são feitas à pressão para se consumir e deitar fora! É para um público consumista, que nem se preocupa com a originalidade das criações, onde vale tudo. Vês isso em algumas feiras de artesanato onde encontras desde feltro cortado industrialmente em máquinas e colado em formas de tudo e mais alguma coisa, Hello Kittys e Noddys, peças em metal, compradas já feitas e que é só juntar e já está, etc... Passa-se no artesanato o que se passa noutras áreas, como o teatro e a dança, por exemplo. Cabe ao artista saber valorizar-se, a si e ao seu trabalho. Quem é bom fica; quem é mais um, rapidamente é esquecido.



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Acho que se uma pessoa tiver a sua personalidade definida, o estilo é uma coisa natural. O único conselho que sei daquilo que vou tirando da minha ainda curta experiência, é que quanto mais trabalho, mais vou aperfeiçoando o meu estilo.

Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Das pessoas que conheço pessoalmente, a minha mãe é a minha favorita, apesar de durante muito tempo não entender o valor do trabalho dela (lembro-me bem que me fez um vestido lindo para a primeira comunhão e eu tive vergonha dele por ser diferente dos outros - que burra que era!). Ela olha para uma imagem e sabe executar os pontos e resolver os problemas mais complicados, tudo por tentativas. A Joana Nossa, que tive o prazer de conhecer recentemente. Ela tem um projecto muito bom, que considero único e de muita qualidade aqui na cidade do Porto.

Através da net, a primeira pessoa que conheci foi a Rosa Pomar. O trabalho dela é na minha opinião o mais importante ponto de viragem em relação à abordagem das técnicas e materiais tradicionais, pelo menos que eu conheça! Uma lufada de ar fresco e perfumado com seguidores sem fim! Acompanho também os magníficos trabalhos da Rita Cordeiro, Maria Madeira, Virgínia Otten e Simão Bolívar. Fora de Portugal, gosto da Yokoo, da Jhoanna Monte e da Veronica Navarro. E depois há muitos outros, mas estes estão no top!



Quais são os teus sonhos para o futuro?

Ui, tenho uma lista que é capaz de ser um bocadinho extensa por isso vou resumir... dedicar-me ao mestrado de ilustração, dar continuidade à Jubela, relacionar ambos os projectos. Aprofundar o conhecimento e técnica da minha recente paixão: os bordados de Guimarães.

domingo, 13 de junho de 2010

Fric de Mentol



Nome: Ana Raimundo aka [ fric de mentol ]
Cidade: uma nova todos os anos
Blog:
dropesdementol.blogspot.com
Site: um projecto com alguns anos, na gaveta
Loja online: fricdementol.etsy.com
Flickr: flickr.com/fric_de_mentol



Como descreverias o teu trabalho?

Refrescante, vivo, colorido, ilustrador, divertido, inocente...



Como é que tudo começou?

O gosto: desde muito nova que o meu caminho tomou o rumo das artes, lembro-me de ter cerca de 4/5 anos e fartava-me de desenhar bonecada em cada papel que encontrava e em algumas paredes também, confesso. O meu percurso académico foi nas artes plásticas, vertente de pintura, com alguns anos de experiência no ramo da azulejaria.

A necessidade: Vivendo a dois com um futuro que se fazia passar pelo ramo do ensino, em contratos incertos, com a realidade de estar cada um a viver no seu canto do País, optei pelo meu negócio próprio. Lentamente todo o projecto foi tomando forma e sentido.



Como escolheste o nome do teu projecto?

Gosto de brincar com as palavras, fric é sonante, não tem um significado concreto, considero-o um drope e, como a ideia era ser algo efervescente e fresco, escolhi o mentol para lhe dar o sabor.

Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

É a minha forma de comunicar, de me interligar no espaço / tempo que habito.

Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Sim, esta é a minha profissão. A maior parte do dia é dedicada à criatividade e produção. Sou uma adicta de música, cinema, internet/informação e culinária por isso também vivem comigo no dia-a-dia.

De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

Vem de todo o lado, tiro partido dos cinco sentidos e dou-lhes expressão.



Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Infelizmente, alguma da matéria-prima que uso tem que ser importada, mais propriamente para a Gocco (máquina japonesa que permite fazer serigrafia de um modo prático e portátil). Outros materiais, como a alfazema que uso nos saquinhos, é plantada, colhida e debulhada por mim e pela minha família. Sempre que possível reciclo/reutilizo (papel, cartão, tecido, etc).

De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

O produto final é sempre uma alegria, é a conclusão de todo o processo criativo mas, o início, o esboço, o passar a ideia para o papel, completa-me.



Como é que divulgas o teu trabalho?

Sobretudo através da internet, em redes sociais como twitter e facebook, no meu blog, flickr, etc.

A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?

Claro! Onde tudo começou e por onde tudo passa.



O que achas da actual moda do artesanato urbano?

Não sei se será uma moda mas um bom gosto e uma vontade enorme de alguns artistas e público, de se manter aquilo que é valioso, manual e autóctone, contrariando a produção massiva e repetitiva. Nesse sentido é óptimo embora ainda estejamos a uns passos largos do lugar e respeito que o feito à mão deve ocupar.

Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Nada se forma ou encontra sem um percurso, trabalho e perseverança. É também preciso ser-se autêntico, exigente e auto crítico.



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Elefante, é a vida! e os outros já por aqui passaram :)

Quais são os teus sonhos para o futuro?

Tenho muitos sonhos/projectos para o futuro, como ter um espaço de trabalho fixo e maior, trabalhar com serigrafia convencional e com cerâmica.

domingo, 6 de junho de 2010

With Lollipops



Nome: Cristiana Gamito
Cidade: Santa Cruz, Torres Vedras
Blog:
withlollipops.blogspot.com
Loja online: www.etsy.com/shop/withlollipops
Flickr: www.flickr.com/photos/withlollipops



Como descreverias o teu trabalho?

Uma enorme paixão pela cor, pela alegria, pelo positivo. Acho que a imagem que fica do meu trabalho é sempre cor… explosão de cor. Seja em bijutaria ou em pintura, a expressão de que gosto de usar e abusar é a cor. Depois tenho uma relação próxima com o perfeccionismo, sou exigente com o detalhe; se for preciso trabalho horas um detalhe pequeno que pode passar despercebido à maioria das pessoas, mas a verdade é que está lá e a mim faz-me diferença se não estiver.



Como é que tudo começou?

Desde sempre que tenho à minha disposição uma panóplia de materiais. O meu pai é artista plástico e, por conseguinte, sempre vivi rodeada de tintas e pincéis. Isso só por si desperta curiosidade e permite dar largas à imaginação. Começou por ser uma brincadeira, uma descoberta, agora já é mais sério mas a essência da descoberta continua.



Como escolheste o nome do teu projecto?

O que faço é com tanto carinho que normalmente finalizo e penso para mim: «Ficou um doce!». As cores e forma do tradicional lollipop são muito atraentes para mim, bem como o som da palavra.



Porquê fazer crafts? O que é que te motiva?

Ver nascer algo. Desde que me conheço que tenho um espírito inquieto, tenho de estar a fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo e, em alturas pontuais, manter as mãos ocupadas fazia-me bem. E inventar e manter a cabeça a magicar em algo fazia-me ainda melhor. Juntar estes dois elementos é o momento perfeito. Gosto de pôr as ideias que surgem em prática, o momento de passar à acção é muito motivante e, se resultar, então é o êxtase!

Os crafts são um trabalho a tempo inteiro? O que ocupa os teus dias?

Tento conjugar o meu trabalho como advogada com esta paixão. Obviamente que isto me obriga a uma enorme ginástica e me retira horas de descanso mas aqui a velha máxima impera «quem corre por gosto não cansa». Um dia destes abraço esta paixão com um único e dedicado abraço!



De onde vem a inspiração para os teus trabalhos?

De tudo! Da observação que faço dia a dia de tudo o que me rodeia, adoro cor e as cores são a minha principal inspiração. Tudo o que tem cor, muita cor, faz-me logo fixar o olhar e imaginar uma série de conjugações e usos. Um conjunto de crianças, por exemplo, com todas as cores e alegria que transmitem… a minha maior inspiração. Essencialmente as coisas simples.



Onde é que encontras os materiais para os teus projectos?

Os detalhes mais importantes das minhas peças, os que lhe dão o cunho próprio, sou eu que faço, modelo, pinto, transformo. Depois tudo o resto é uma recolha incessante. Estou sempre atenta e às vezes os materiais surgem onde menos se espera, desde as lojas habituais de peças de bijutaria a retrosarias, na feira da ladra, em viagens...



De todo o processo de produção das tuas peças qual é a parte que mais te agrada?

Há dois momentos marcantes: o primeiro é passar com sucesso da ideia à prática, se resultar é uma satisfação muito grande. O segundo é a recepção por parte das clientes, as manifestações que me remetem em relação às peças. É um misto de orgulho, motivação, satisfação, enfim é muito marcante este momento.



Como é que divulgas o teu trabalho?

Começou por ser entre amigas, depois passou para as amigas das amigas, a internet e as redes sociais são um grande instrumento de divulgação. Ultimamente, o contacto com lojas em Portugal e no estrangeiro tem marcado um ponto de viragem.



A internet tem um papel importante na divulgação do teu projecto?


Sim, claro! Foi por aí que tudo começou. Se não fosse a internet penso que nunca teria aberto a caixinha de Pandora que é este meu mundo. Sou um bocadinho tímida e o estar por de trás de um nome dá-me a protecção que preciso para sentir segurança e ganhar asas para inventar.



O que achas da actual moda do artesanato urbano?

A moda é chamar-lhe artesanato urbano, porque artesanato sempre houve e haverá. Recordo-me de ir a feiras de artesanato em menina no meu Alentejo e deliciar-me com os pratinhos e cântaros em barro, apreciar os registos que saíam das mãos sábias de velhotas e cadeirinhas miniatura em verga. Naturalmente que a moda de o artesanato passar para a urbe tem a ver com oportunidades que eventualmente podem advir daí. Há muita gente talentosa, mas também há muita gente que simplesmente elogia o talento dos outros e faz igual ou parecido.

Eu penso que o que é feito com talento, carinho, trabalho e dedicação é facilmente reconhecido e apreciado e isso sim é o verdadeiro artesanato, urbano ou rural pouco importa!



Que conselho darias a quem ainda anda à procura do seu próprio estilo nos trabalhos manuais?

Essencialmente que seja original, honesto, com boas energias, que procure sempre o lado positivo das adversidades, que acredite nos sonhos e que procure encontrar a melhor maneira para os concretizar, que nem sempre é a mais fácil e rápida…



Podes partilhar alguns dos teus crafters favoritos?

Há um universo de crafters que aprecio e isso passa por muitos factores. Em Portugal gosto muito da Graça Paz, pelas cores e formas que utiliza e por ser uma pessoa simples e acessível, gosto dos bonecos da Virgínia do Amo-te mil milhões e do Sebastião Preto Carvão e aprecio muito o trabalho da Susana Tavares. No estrangeiro tenho muitas referências.

Quais são os teus sonhos para o futuro?

O mais importante de tudo para mim é sentir-me feliz e realizada, ter tempo de qualidade para os meus filhos e ir vendo a Lollipop crescer. Deixar que as outras valências também ganhem asas e realizar projectos antigos que continuam timidamente escondidos.